O desafio do Big Data nas empresas farmacêuticas: saiba como solucionar
Do desenvolvimento de novas drogas às vendas mais inteligentes e personalizadas, a integração de diferentes plataformas de dados, como a dos planos de saúde, é fundamental no setor
Uma pesquisa realizada pela consultoria Research and Markets mostrou que em 2018 o big data injetou US$ 4,7 bilhões em hardware, software e serviços profissionais na indústria farmacêutica. Estima-se que esse aporte de recursos cresça em uma média anual de pelo menos 12%, ultrapassando mais de US$ 7 bilhões em aportes em 2021.
A pesquisa foi feita antes da pandemia, uma situação extraordinária que acelerou o processo de transformação digital em muitas organizações. De acordo com o estudo, o big data na indústria farmacêutica pode trazer inúmeras vantagens:
– Redução de custos de 20% a 30% em toda a cadeia produtiva;
– Aumento dos serviços aos pacientes de 35%;
– Crescimento do faturamento em até 30%;
– Redução de emergências médicas em 10%;
– Queda do tempo de espera de pacientes entre 30% e 60%.
Como pode se perceber, o big data apresenta um potencial enorme para todas as indústrias, mas a farmacêutica, em especial, enfrenta um desafio específico. Trata-se da capacidade de conseguir não só integrar a indústria aos pontos de venda (farmácias), mas ter dados dos próprios consumidores e dos planos de saúde, um intermediário importante e capaz de trazer muitos insights.
A necessidade de integração
A presença de informações de consumidores e dos planos de saúde adiciona uma camada de dificuldade para muitas companhias do ramo, isso porque já sofrem com as barreiras em integrar e operar os serviços no dia a dia. Não é incomum as empresas deterem um grande volume de dados, mas não conseguirem fazer uso ou receberem informações imprecisas por questões técnicas.
As falhas podem se dar por inúmeras razões, desde a dificuldade em ter ciência de todos os dispositivos de TI em um negócio ou mesmo na modificação de processos e de operações de forma mais relacionada à tecnologia atual. É o caso da arquitetura orientada a serviços, um conceito que facilita a integração entre aplicações. Você pode entender mais sobre essa forma de operação neste artigo.
Independentemente do caminho escolhido, se não houver sucesso na etapa de integração, é impossível dar o passo adicional esperado por muitas organizações. Estamos falando de inteligência artificial e de machine learning, tecnologias que dependem de grandes volumes de dados (big data), conforme explicamos neste artigo.
“A capacidade de aprendizado e de executar tarefas de forma automática é vista como uma revolução. As aplicações decorrentes prometem levar a indústria ao próximo nível”, seja em relação a custos, a processos internos, a competitividade ou na relação com clientes.
Qual o impacto do big data nas empresas farmacêuticas?
Há diferentes abordagens relacionadas ao tema, que passam desde pesquisa & desenvolvimento (P&D), desenvolvimento de novos produtos, realização de estudos, descoberta de padrões, entre outras diversas possibilidades. Basicamente, a análise do histórico de dados permite obter insights sobre o consumo de medicamentos e sua sazonalidade, o que pode interferir em vários procedimentos do negócio.
Veja algumas possibilidades:
– Medicina de precisão – O cruzamento de diferentes fontes de informação pode trazer diferentes insights: por exemplo, a relação do uso de um medicamento com um tipo de clima ou padrão comportamental. Isso permite à empresa melhorar a sua previsibilidade e inclusive gerar uma forma de detectar doenças de forma antecipada, evitando riscos aos pacientes e impedindo internações.
– Ajustes nas vendas e marketing – Será possível projetar as vendas de um medicamento em particular, levando em consideração diversos fatores. A criação desse histórico vai permitir à empresa entender o comportamento do consumidor e atingi-lo em campanhas de marketing – ou mesmo na aplicação de descontos no ponto de venda.
Outro ponto importante é que, ao perceber essa sazonalidade e tendência, a empresa é capaz de ajustar o funcionamento da manufatura de forma a manter o estoque do produto sempre abastecido, incluindo as épocas de maior demanda. Para isso, é importante mesclar dados dos pontos de venda e dos próprios planos de saúde, o que vai permitir até mesmo uma abordagem ativa para as farmacêuticas.
Imagine, por exemplo, uma pessoa que tome medicamentos controlados: a própria fábrica sabe a janela em que ela vai precisar de novos medicamentos, a partir de uma venda ativa (até mesmo com desconto) realizada pela farmácia na relação com o consumidor.
– Personalização – Uma das tendências de futuro é a customização, o que pode ocorrer também na indústria farmacêutica a partir da percepção de padrões. Em geral, as formulações já são adaptadas de acordo com o perfil dos pacientes e suas necessidades.
No entanto, um olhar mais atento e a colaboração de diversos setores pode trazer perspectivas diferentes e o estabelecimento de novos medicamentos e formas de uso, o que pode fazer com que o medicamento se dissemine mais rapidamente entre os consumidores.
– Melhora do custo de desenvolvimento de remédios – Há pesquisas indicando que o desenvolvimento de uma única nova droga pode custar até US$ 2,6 bilhões em um período de até 10 anos. Por isso, a indústria – de maneira mais ampla – se foca em medicamentos que possam atingir públicos mais extensos, reduzindo as pesquisas de enfermidades com número limitado de pacientes.
O big data nas empresas farmacêuticas pode reduzir esse tempo e o custo, visto que otimiza os testes e a realização dos ensaios clínicos. Além disso, a capacidade de cálculos e da realização de simulações pelas máquinas aumenta o potencial de antecipar cenários, direcionando melhor o desenvolvimento da pesquisa e evitando que se chegue a um beco sem fim.
– Ensaios clínicos – O big data pode ser aplicado desde a seleção dos usuários (conforme filtros e regras específicas), desenho dos modelos de preditivos, análise de resultados, entre tantas outras aplicações. Também se torna mais simples controlar a reação às drogas e descobrir seus efeitos colaterais, conforme o perfil de paciente, interações, entre outros pontos avaliados.
Um estudo da consultoria McKinsey estimou que a aplicação de estratégias e modelos de big data nas empresas farmacêuticas poderia melhorar em US$ 100 bilhões em valor anual para o sistema de saúde dos Estados Unidos. De que maneira? Otimizando a inovação, ampliando a eficiência de ensaios clínicos, criando novas ferramentas para médicos, consumidores e reguladores.
Trata-se de um benefício para a sociedade, que pode se reverter em um menor volume de internações, evitar a realização de procedimentos mais graves, entre outros benefícios para todos os players do setor médico. Além dos benefícios aos pacientes, resulta em uma aplicação mais inteligente dos recursos na área de saúde.