Como a IOT pode impactar o agronegócio

Além da performance, aumento da capacidade produtiva do agronegócio com uso inteligente de recursos é uma necessidade do planeta, que deve ter quase 10 bilhões de pessoas em 2050

Estimado em US$ 12,5 bilhões em 2021, o mercado projetado para a Internet das Coisas no agronegócio deve atingir US$ 28,5 bilhões em 2030, de acordo com a Precedence Research. É muito provável que, nos próximos anos, o mundo assista a uma revolução de técnicas de precisão e melhoria da produtividade no campo a partir da aplicação da Internet das Coisas no agronegócio.

Não se trata apenas de uma intenção do setor em ser mais produtivo e faturar mais. É uma real necessidade da sociedade. Haverá, nos próximos anos, uma grande demanda de comida devido ao aumento populacional. Em 2050, estima-se que a população global chegue a 9,7 bilhões de pessoas, o que vai solicitar um aumento de 70% nas calorias disponíveis para consumo.

E, como bem se sabe, os recursos naturais, como a água e a própria terra, não são infinitos. “Sem uma sólida conectividade e infraestrutura para a agricultura, isso [suprir as demandas de alimentação global] não será possível”, afirma um relatório da empresa de consultoria McKinsey. Dessa forma, a TI se torna estratégica também para os negócios do campo.

Como consequência, a Internet das Coisas no agronegócio impacta positivamente os resultados das propriedades. As perspectivas da McKinsey são de que, se tiver sucesso em suas estratégias de ampliação da conectividade, o segmento deve adicionar entre US$ 2 a US$ 3 trilhões ao PIB global na próxima década. Isso também significa grandes resultados para os agricultores e pecuaristas.

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A Internet das Coisas no agronegócio

Vamos partir do princípio: o que é Internet das Coisas?

Trata-se de uma tecnologia que conecta e coleta dados entre diferentes equipamentos para que sejam analisados posteriormente usando as técnicas de Big Data. 

Se pensarmos em uma indústria, a IOT permite que diferentes dispositivos “conversem” entre si, o que vai trazer diversas informações sobre o processo produtivo, inclusive insights sobre melhorias e eventuais pontos que estão travando a manufatura. Para o agronegócio, a lógica é semelhante. 

A inclusão de sensores em tratores e máquinas garante, por exemplo, a capacidade de fazer um plantio personalizado, especialmente se a tecnologia for mesclada com informações precisas sobre a propriedade (GPS) e as obtidas por drones (imagens aéreas) – tudo isso se torna mais efetivo com a transmissão de dados pela nuvem.

Pensando em um cenário bastante evoluído no uso da tecnologia, é como se o conceito dos carros autônomos fosse estendido aos tratores no campo. Em um caderno sobre o tema, a Embrapa visualiza um futuro muito diferente daquilo que se vive hoje nas propriedades do país. “Outros dispositivos IOT levarão mais tempo a serem adotados, incluindo, por exemplo, tratores automáticos”, afirma o relatório.

“Os agricultores poderão plantar um campo inteiro com os tratores sem qualquer direção manual, sugerindo máquinas completamente automatizadas. Os tratores autônomos podem até ser desenvolvidos e adotados a um ritmo mais rápido do que os carros autônomos, pois as fazendas são um ambiente confinado e controlado, ao contrário das estradas públicas”, ressalta.

Quais outras aplicações da IOT no agronegócio?

Além de tratores autônomos, suas aplicações são variadas, pois o conjunto de dados levantados pode trazer insights e possibilidades para transformar a produtividade e a operação de uma propriedade. A automatização e o acesso remoto permitem modificar completamente a maneira como conhecemos as fazendas e campos de pecuária.

– Telemetria

Os sensores trazem dados sobre os tratores e outros equipamentos usados na propriedade. É possível ter informações dos próprios veículos (temperatura, localização, alertas de funcionamento, consumo de combustível) quanto de sua produtividade. Esse monitoramento pode ser feito a distância, visando dar mais inteligência e otimizar o processo de tomada de decisão.

– Meteorologia

Certos tipos de sensores conseguem perceber os níveis de irradiação de raios violeta, por exemplo. Isso traz informações sobre o clima no campo, o que vai aumentar a inteligência para controlar o uso de insumos, como a irrigação e até mesmo outros nutrientes. 

Em casos de eventos extremos (como geada e granizo), é possível se antecipar e adotar medidas preventivas para proteger a produção, quando for possível.

– Criação de animais

A instalação de sensores em bovinos – normalmente uma espécie de brinco – permite ter dados confiáveis sobre o estado de saúde dos animais – ganho de peso, água ingerida, gestão de remédios e vacinas. Na criação de frango, por exemplo, é possível controlar o índice de iluminação, a quantidade de comida oferecida, entre outros pontos, de forma automatizada.

– Imagens aéreas e videomonitoramento inteligente

Os drones podem ser usados para obter imagens aéreas da terra, o que permite ter mais informações sobre a área de plantio, a qualidade do solo, fazer ajustes para aumentar a produtividade, descobrir densidade da vegetação, planejamento de irrigação, identificação de pragas, entre outros caminhos. Essas informações favorecem a manutenção de condições do solo favoráveis.

– Subsídios para a equipe que está no campo

Se parte do trabalho será automatizada, há outra que ainda requer “mãos na terra”. Nesse sentido, os dados obtidos a partir da Internet das Coisas no agronegócio trazem informações precisas para que as pessoas atuem em prol da solução dos problemas encontrados. Ou seja, mais produtividade e otimização do tempo na sua força de tarefa manual.

Um longo caminho a ser percorrido

Uma pesquisa realizada pelo Sebrae e pela Embrapa indicou que há um longo avanço para que a Internet das Coisas possa, de fato, transformar o agronegócio brasileiro. Apesar de 84% dos agricultores brasileiros relatarem usar tecnologias digitais em seus processos produtivos, a maior parte está ligada à conexão com a internet e ao uso de aplicativos para marketing e divulgação.

Menos de um quarto deles contavam com soluções como: Programas de gestão específicos; GPS; Dados ou imagens fornecidas por sensores remotos; Dados ou imagens fornecidas por sensores no campo; e máquinas ou equipamentos com tecnologia embarcada. A pesquisa foi realizada em 2020 e ouviu 870 proprietários de terra e prestadores de serviço.

Apesar das oportunidades, os agricultores sabem que a tecnologia pode impactar diretamente a sua performance. Os 5 principais motivos para a adoção de soluções são:

– Obtenção de Informações e planejamento da propriedade;

– Gestão da propriedade rural;

– Compra e venda de insumos, de produtos e da produção;

– Mapeamento e planejamento do uso da terra;

– Previsão de riscos climáticos.

A principal reclamação para evoluir no quesito tecnologia é o valor do investimento. Além disso, a falta de conectividade de determinadas propriedades impede essa evolução. Uma das esperanças é que a tecnologia 5G permita essa evolução de forma rápida e possa ampliar o acesso a serviços específicos para o segmento.

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